terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Transparência e inovação: conceitos entrelaçados para um novo jeito de fazer negócio

Por Fernando Byington Egydio Martins*
Em 1999, uma ideia inovadora mudou a história de uma grande mineradora canadense e ajudou a rever conceitos de gestão em todos os segmentos do mercado. Naquela altura, a Goldcorp, de Toronto, enfrentava uma grande crise por causa da queda na cotação do ouro e pela dificuldade em encontrar o metal em sua nova mina.

O cenário mudou no momento em que o CEO, Rob McEwen, se entusiasmou com a ideia de “código aberto”, que consagrou o sistema operacional de computadores Linux. Baseado nesse conceito, ele lançou o chamado “Desafio Goldcorp”, no qual se dispunha a revelar dados estratégicos da empresa e da mina em troca de colaboração do público externo. A novidade quebrou padrões e espantou uma indústria tão fechada como a mineradora. Mas tinha sua razão de ser.

No Desafio, qualquer internauta podia sugerir a melhor maneira de encontrar o ouro na nova mina. Os vencedores levariam um prêmio de U$ 105 mil. Mais de 1.400 cientistas, engenheiros e geólogos baixaram os arquivos com os dados da empresa e fizeram a exploração virtual. Resultado: a partir das sugestões, a empresa adotou novas formas de atuação e elevou o faturamento de US$ 100 milhões para US$ 9 bilhões.

Esse caso ilustre mostra como dois valores são essenciais dentro de um novo modelo de negócios que ganha espaço a cada dia: a transparência, a inovação e a colaboração. No exemplo da Goldcorp, especificamente, as três coisas se entrelaçaram e o próprio modelo colaborativo dentro da indústria mineradora foi a grande inovação.

É verdade que a história da empresa canadense, com todas as suas peculiaridades, representa ainda uma exceção. Mas, dez anos após o exemplo da Goldcorp, muitas outras organizações começam a entender que não constroem o próprio sucesso sozinhas. Para que o êxito seja sustentável, é necessário estar em sintonia com a sociedade. E, dentro desse conceito de fazer juntos, os critérios que norteiam a escolha e o relacionamento com os stakeholders ganham importância. Além disso, esse processo se torna mais ágil por conta dos avanços nos meios de comunicação.

Nem sempre a parceria que aparentemente é a melhor do ponto de vista estritamente técnico e comercial é a melhor no longo prazo, como se tem visto frequentemente. Isso porque quando uma empresa se associa a outra, por mais que a instituição escolhida seja eficiente, a imagem, a reputação e a marca de ambas estão em risco se não houver respeito à governança corporativa e a determinados valores por parte de uma delas.

Transparência é falar a verdade e deixar ver como as coisas são feitas; é cultivar a noção de interdependência e de que a história de uma organização se constrói junto com os stakeholders, em um modelo no qual a confiança é protagonista. É claro que o tema envolve questões delicadas, já que levar adiante uma conversa mais franca pode expor informações estratégicas a um agente externo. Mas é justamente a confiança e o conhecimento aprofundado do outro que minimizam os riscos e viabilizam esse novo tipo de interação, capaz de gerar uma cultura e uma dinâmica de valor inovadoras.

Vale dizer que essa experiência de fazer juntos é positiva não apenas quando ambos desfrutam dos mesmos valores. A diferença pode significar complementaridade, em alguns casos, e oportunidade de compartilhar novas idéias com os stakeholders, em outros.

Neste momento, em que a sociedade se coloca cada vez mais exigente com relação às organizações, aquelas que incorporarem os valores de inovação e relacionamento às suas práticas e à sua marca vão sair na frente... Por mais que um novo posicionamento soe absurdo - exatamente como soou a ideia de Rob McEwen que recuperou a Goldcorp.

* Fernando Byington Egydio Martins é vice-presidente executivo de Gestão da Marca, Marketing e Comunicação Corporativa do Grupo Santander Brasil.

Estratégias Digitais de Marketing

No contexto em transformação catalisada pelo digital vemos que a sociedade mudou, o mercado mudou, o consumidor mudou. Portanto, o marketing também precisa mudar, levando em consideração esse novo cenário e as novas ferramentas e plataformas de ação que com ele se tornam disponíveis.

Por outro lado, lembrando da clássica definição de Kotler para Marketing - “atividade humana dirigida para satisfação de necessidades e desejos por meio de processos de troca”-, podemos afirmar que qualquer componente de uma estratégia de marketing para satisfazer necessidades ou desejos pode usar tecnologias e plataformas digitais ou não.

Apesar do digital abranger cada vez mais aspectos da vida humana, ainda existimos também fora do digital, no ambiente tradicional material, composto por átomos. Nicholas Negroponte, em seu livro “A Vida Digital”, diz que temos dois tipos de ambiente – o formado de bits e bytes (ambientes digitais), e os formados de átomos (ambientes materiais). Tendo naturezas completamente diferentes e com características específicas, ambos co-existem na vida humana.

Sabemos que as estratégias de marketing são planejadas com base nos 4Ps - produto, preço, praça e promoção -, assim, enquanto há alguns anos tínhamos apenas a possibilidade de utilizar um composto de marketing baseado em tecnologias tradicionais, hoje, qualquer um dos 4Ps pode ser digital ou tradicional. Podemos citar como exemplo de produtos digitais um arquivo de e-book, uma música mp3 ou um software; os Linden Dollars do Second Life seriam um exemplo de preço digital; os e-commerces e redes sociais, exemplos de praças digitais; finalmente, as ações de comunicação digital, como links patrocinados, são exemplos de promoção digital.

A proliferação de tecnologias e plataformas digitais oferece um cenário fértil para as mais diversificadas ações de marketing. A possibilidade de mensuração que o ambiente digital propicia também é uma vantagem enorme em relação aos ambientes materiais, tangíveis – o digital permite sincronicidade (behavioral targeting). No entanto, para poder se utilizar uma ferramenta com maestria, é necessário primeiro conhecê-la. E é aí que reside um dos maiores problemas do cenário digital: a velocidade de mudança, que muitas vezes não nos dá tempo para conhecer todas as ferramentas e opções disponíveis.

Enquanto até meados do século XX o ciclo de vida das tecnologias era maior que ciclo de vida humano (as pessoas nasciam e morriam e as mesmas tecnologias estavam lá – carro, avião, telefone, rádio, etc.), hoje o ciclo de vida das tecnologias é muito menor do que o da vida humana. Dessa forma, em poucos anos vemos ocorrer mudanças profundas na sociedade decorrentes das mudanças tecnológicas. Além disso, como mencionado no artigo anterior, as plataformas digitais também estão fomentando uma explosão de conteúdos e soluções instantâneas, em real-time.

As pessoas têm cada vez mais contas – vários endereços de e-mail, perfis em várias redes sociais, login em múltiplos aplicativos na nuvem, acessando tudo isso via diversos aparelhos distintos. Alguns referenciam esse fenômeno como “obesidade digital”. Devido a esse processo acelerado de mudança e inundação de soluções, muitas vezes não se tem tempo suficiente para refletir e analisar o que usar ou não. John Naisbitt chama esse paradoxo de “High Tech, High Touch”: quanto mais tecnologia temos em nossas vidas, mais intoxicados e vazios de sentido nos tornamos, e mais precisamos do toque humano. Talvez a explosão das redes sociais seja um dos indícios dessa necessidade do “high touch”.

Dessa forma, apesar da complexidade crescente que a proliferação gigantesca e mudança constante que a tecnologia nos apresenta, é necessário conhecer, e bem, as novas ferramentas que temos para podermos usá-las nas estratégias de marketing. Diz-se que só quem conhece bem todas as regras é que consegue ir além delas, subvertê-las. O mesmo se aplica aqui.

Isso posto, podemos falar de estratégias digitais de marketing, que são estratégias que usam plataformas e tecnologias digitais, envolvendo um ou mais dos 4Ps, para alcançar os objetivos de marketing. Como o ser humano ainda vive no ambiente tradicional de marketing além do digital, necessitando de produtos materiais também, em mercados tradicionais físicos, passando por outdoors, lendo revistas, ouvindo rádio, um plano de marketing que envolva estratégias digitais de marketing, associadas a estratégias tradicionais, tende a ser mais bem sucedido, pois engloba as dimensões material e digital em que vive o ser humano. No entanto, nesse artigo, focaremos apenas nas opções que o ambiente digital nos apresenta, assumindo que as opções tradicionais já sejam bem conhecidas.

Plataformas, Tecnologias e Estratégias Digitais de Marketing
No ambiente digital de marketing podemos enumerar diversas tecnologias e plataformas digitais que podem dar origem a estratégias digitais de marketing. Ocorre, entretanto, com frequencia, uma grande confusão entre plataformas e tecnologias com estratégias e redes sociais. Por exemplo, o Orkut não é uma rede social. Ele é uma plataforma de rede social. A rede social se forma sobre a plataforma e pode, inclusive, estar sobre outras plataformas também.

Assim, uma pessoa ou empresa pode ter uma rede social onde seus membros estejam tanto no Orkut, quanto no Facebook, quanto no Twitter. Outro exemplo é o próprio Twitter. Ele não é estratégia e nem rede social. É apenas uma plataforma, e o modo como é usado é que determina as estratégias e a rede social que se forma nessa plataforma. Assim, acredito que seja importante separar plataformas e tecnologias de estratégias, para que essa última possa se utilizar adequadamente das primeiras.

Portanto, sugiro que relacionemos, pelo menos, as seguintes plataformas/tecnologias digitais:

• Website/ mini-site / hotsite
• Blog
• Plataformas digitais de Redes Sociais
• Email
• Realidades Mistas (realidade aumentada, virtualidade aumentada, realidade virtual)
• Tecnologias Mobile (RFID, mobile tagging, SMS, Bluetooth)
• Plataformas digitais de busca (Google, Yahoo, Bing, Wolfram|Alpha, etc.)
• Games & Entretenimento digital
• Tecnologias inteligentes de voz
• Video/TV digital

Essas plataformas/tecnologias combinadas servem de base para o desenvolvimento de estratégias digitais de marketing, como por exemplo:

• Presença digital
• Email marketing
• E-commerce
• Mobile Marketing
• SMM (Social Media Marketing) & SMO (Social Media Optimization)
• SEM (Search Engine Marketing) & SEO (Search Engine Optimization)
• WOMM (Word of Mouth Marketing)
• Advergaming & Advertainment

Considerando que o profissional de marketing é um estrategista, é necessário que ele conheça cada uma dessas plataformas, tecnologias e estratégias digitais com suas respectivas peculiaridades, para poder usá-las da melhor forma em um planejamento de marketing, que atenda os objetivos propostos. Quais usar? Como combiná-las entre si? Combinar com quais plataformas e tecnologias tradicionais? Isso continua sendo determinado pelo plano de marketing desenvolvido em função do público-alvo e objetivo a ser alcançado, ambiente (macro e micro) e recursos disponíveis. Ou seja, o planejamento/metodologia não mudou, o que mudou foram as ferramentas disponíveis para uso estratégico.

Estamos chegando a uma época na qual a interatividade e a experiência são os principais aspectos para o sucesso de estratégias de marketing. O digital é a plataforma que dá vazão plena à interatividade, mas não necessariamente à boa experiência. Conseguir propiciar uma boa experiência para o consumidor/usuário envolve estratégias de marketing que vão muito além da tecnologia em si e dependem de um conhecimento profundo do público-alvo. Além disso, a tecnologia não para, e a cada momento teremos novas possibilidades tecnológicas que afetam o ambiente de marketing e simultaneamente ampliam o arsenal de ferramentas estratégicas. Desse modo, compreender esse cenário mutante complexo e conhecer as tecnologias disponíveis a cada momento constitui um diferencial competitivo valioso para as empresas.

O detalhamento de cada uma dessas plataformas, tecnologias e estratégias digitais aqui apresentadas é assunto para vários artigos ou para um livro inteiro que, aliás, já foi escrito e será lançado em março/2010.

* Martha Gabriel é engenheira (Unicamp), pós-graduada em Marketing (ESPM), pós-graduada em Design Gráfico (Belas Artes, SP), mestre e doutoranda em Artes (ECA/USP). CIO da NMD New Media Developers, ganhadora de 11 Prêmios iBest entre 1998 e 2005 como desenvolvedores web. Professora dos cursos de MBA da BSP Business School São Paulo, Universidade Anhembi Morumbi, UFPR Universidade Federal do Paraná. Autora de dois livros de marketing digital - "Marketing de Otimização de Buscas na Web: Conceitos, Técnicas e Estratégias", Ed. Esfera, 2008, e "SEM e SEO - Dominando o Marketing de Busca", Ed. Novatec, 2009. Site pessoal em www.martha.com.br / e-mail: martha@martha.com.br / Twitter: @marthagabriel

Do Bem, um caso de sucesso sem um departamento de Marketing

Marca aposta em sucos de frutas frescas, mídia espontânea, relacionamento e redes sociais

Por Sylvia de Sá, do Mundo do Marketing | 03/02/2010
sylvia@mundodomarketing.com.br


Colocar frutas em caixinhas divertidas. Essa é a missão da Do Bem. A empresa carioca nasceu há três anos e, desde então, vem mostrando ao mercado que é possível oferecer uma solução saudável e prática de sucos de frutas que ainda proporcione uma experiência diferenciada.


Com ações de Marketing focadas em mídias digitais e relacionamento, além de embalagens com design diferenciado, a Do Bem conseguiu se destacar e hoje seus sucos estão presentes em mais de 400 pontos-de-venda do estado do Rio de Janeiro. Do produto em si à marca, passando pela estratégia adotada e pela filosofia da empresa, tudo na Do Bem é diferente.

A história começa em 2007 quando o administrador de empresas Marcos Leta, cansado do ambiente corporativo, decide acumular conhecimento para produzir um suco de caixinha que não levasse água, açúcar, conservante, nem qualquer outro aditivo. Ou seja, apenas frutas.

Para que serve uma gravata?
Para isso, Leta enquadrou a gravata, literalmente, e visitou os Estados Unidos e países europeus a fim de conhecer a tecnologia utilizada lá fora. Com o conhecimento adquirido, o profissional aproveitou a abundância de frutas frescas no Brasil e conseguiu criar um suco com a praticidade de uma bebida de caixinha sem perder as propriedades das frutas, tudo para que o consumidor tivesse em casa a experiência das casas de sucos tão tradicionais no Rio de Janeiro.

De lá pra cá, a equipe cresceu e hoje conta com cerca de 12 pessoas que compartilham os mesmos valores da Do Bem. Quem trabalha na empresa, por exemplo, é convidado a enquadrar o que mais detestava em seu antigo trabalho, como Leta fez com sua gravata. Nessa brincadeira, tem até foto de ex-chefe e no site da empresa os internautas podem responder a pergunta “pra que serve uma gravata?”.

Além disso, às sextas-feiras, todos trabalham de chinelos. O casual day – comum entre as empresas – na Do Bem evoluiu e se chama Havaianas Day. Sem um departamento de Marketing, a marca investe em mídias sociais e no relacionamento bem próximo dos consumidores. Muitos deles verdadeiros fãs da Do Bem.

Case Do Bem
Personagens no lugar das frutas
A mídia espontânea gerada principalmente por blogs na época do lançamento deu visibilidade e contribuiu para o crescimento da empresa. Outro passo importante para o reconhecimento da marca foi a entrada nas lojas da rede de supermercados Zona Sul. Para isso, os sucos Do Bem passaram por um teste cego, junto com marcas concorrentes.

Segundo Marcos Leta, dos dois diretores e três consumidores que experimentaram as bebidas na ocasião, quatro preferiram as da Do Bem, o que deu o sinal verde aos produtos. Para promover a marca nos pontos-de-venda, a empresa contou com ações de sampling que, não só geravam experimentação, como também comunicavam as propriedades e os diferenciais dos sucos.

“Quando o consumidor olha para o produto sabe que é diferente, mas ainda não consegue entender o conceito de imediato. Esse é um desafio pra Do Bem. A fruta deve estar dentro da caixinha. Temos que trabalhar nas embalagens o conceito bem-humorado, divertido”, diz Marcos Leta, em entrevista ao Mundo do Marketing, sobre a ausência de fotos ilustrativas de frutas nas embalagens, substituídas por simpáticos personagens.

Case Do Bem
Vai com tudo
A mudança das garrafinhas iniciais para embalagens da Tetra Pak de um litro também foi fundamental para a expansão da marca nos pontos-de-venda. O suco de laranja passou de 14 dias de validade para quatro meses, enquanto os outros três sabores (limonada, açaí com morango, maçã e guaraná e mamão com laranja, maçã e banana) conseguiram estender o seu tempo de vida útil para sete meses. Foram cerca de oito meses de testes para conseguir preservar as bebidas com o sabor desejado.

A novidade mais recente são as caixinhas na versão de 200 ml, com textos e frases que fogem do comum, como “vai com tudo”, no lugar de “fure aqui”, para manter a característica divertida dos produtos. As novas caixinhas também acompanham a expansão da marca, antes só vendida nos supermercados Zona Sul.

“Queremos chegar a quatro mil pontos-de-venda no Rio. É um projeto para os próximos três ou quatro anos. As pessoas precisam entender que o produto é benéfico para elas, que queremos deixar algo bacana para as gerações futuras”, explica Leta.

Os benefícios aos quais o executivo se refere vão desde o fato de que os sucos são feitos apenas de frutas frescas, sem adição de conservantes, à preocupação que a marca tem com a saúde do planeta. No site da Do Bem é possível ler a Pegada Carbônica, estudo da Cantor, e saber qual é a emissão de CO2 da empresa, que promete reduzir o número em 20% ainda este ano.

Case Do Bem
Carro personalizado roda pelo Rio de Janeiro
Desde dezembro do ano passado, a marca tem um aliado na hora da promoção. É o Frutomóvel, um carro personalizado que roda o Rio de Janeiro ofecerecendo degustação e ampliando o conhecimento dos consumidores sobre os produtos e a filosofia da Do Bem.

O sucesso é tanto que o shopping Fashion Mall procurou a Do Bem para oferecer os sucos aos seus clientes do estacionamento VIP. A empresa também estará nas praias do Rio de Janeiro. A marca volta a circular com os seus galões de suco pela orla, depois da proibição da comercialização de bebidas em galões durante a operação de choque de ordem na cidade do Rio. Ações como essas ajudam a manter o contato da marca com clientes e prospects.

É exatamente este relacionamento um dos aspectos mais importantes na cultura da empresa. A Do Bem deixa todos os seus canais de comunicação à disposição dos clientes e faz questão de respondê-los de forma pessoal e direta. “Quando comecei a montar a Do Bem, mandei e-mails para todas as grandes empresas como Nestlé e Coca-Cola. Todas as respostas que eu recebia eram automáticas. Não quero que com a Do Bem seja igual. Recebemos muito carinho nestes e-mails, além de reclamações que são muito construtivas”, acredita o fundador da marca.

Case Do Bem
Expansão prevê SP, MG e sul do país
Com planos de expansão para São Paulo, Minas Gerais e sul do país, a empresa já trabalha em soluções para manter o relacionamento estreito com os consumidores, como a reformulação do site nos próximos dois meses, que promete um conceito inovador, segundo Marcos Leta. Além do site, canais como Facebook, Twitter e Flickr também são monitorados o tempo inteiro e seguem o mesmo formato que os e-mails: devem ser respondidos em no máximo 24 horas.

Outra ação importante para a marca são os seus vídeos. O primeiro – que promovia o suco de laranja – fez tanto sucesso que foi escolhido para passar nos intervalos do Reading Festival, no ano passado. O festival acontece na Inglaterra e a última edição reuniu bandas como Radiohead, Arctic Monkeys e Kings of Leo. Criado pelo escritório de design Hardcuore, de Breno Pineschi, em parceria com Rafael Cazes e trilha de João Brasil, o vídeo já foi acessado por mais de 400 mil pessoas na internet.

Já o segundo vídeo da marca promove a versão de açaí com morango, maçã e guaraná. Para este ano estão sendo produzidos novos trabalhos que divulgam os sabores que a marca lançará. Com tanta personalidade, dá até para imaginar a Do Bem como uma marca conceito, que vai além dos sucos. Mas Leta não tem planos de extensão de marca.

“Quando eu olho a Do Bem imagino uma experiência de bom-humor, criativa. Mas o nosso negócio é realmente suco, fruta e bebidas saudáveis. Não pensamos em desenvolver outros produtos. Acho que acaba perdendo o foco. Tem tanta bebida pra criar”, acredita.

E as lojas Do Bem, são um plano? “Sempre tivemos esse sonho, mas é preciso encontrar o ponto certo. Nossa maior fonte de inspiração são as casas de sucos e a praia. É lá que pegamos todas as gírias do site”.

Varejo multicanal e tecnológico para criar soluções

Especialistas apontam as principais tendências apresentadas na NRF

Por Sylvia de Sá, do Mundo do Marketing | 05/02/2010
sylvia@mundodomarketing.com.br


Sustentabilidade, multicanal, tecnologia e redes sociais. Estes são alguns dos temas que não devem sair da cabeça dos varejistas. A mudança do foco no produto para o foco no consumidor levou o varejo a uma reformulação que inclui desde os pontos-de-venda até as equipes de colaboradores. Marcas como Walmart, Apple, Pão de Açúcar e Fast Shop são exemplos de empresas que colocam esses valores em prática.

O ponto-de-venda já não deve ser apenas um ponto para vendas. Deve ser um ponto de soluções. Um local que ofereça serviços que agreguem valor à marca, mas também gere novas oportunidades de negócios e fidelidade. Em suas lojas, a Apple soube materializar essa tendência.

“A loja da Apple é totalmente orientada para a solução. O portfólio de serviços oferecidos cresce, assim como o espaço que eles ocupam na loja. A marca oferece treinamento semanal individualizado por uma mensalidade de US$ 99,00”, aponta Alberto Serrentino, sócio-sênior da consultoria GS&MD – Gouvêa de Souza, durante sua palestra na Pós-NRF, evento que aponta as tendências para o varejo mundial.

Varejo multicanal e tecnológico para criar soluções













Pão de Açúcar investe R$ 45 mi em sustentabilidade
O caso da Apple mostra como é possível criar fluxo de consumidores, estreitar o relacionamento e ainda ampliar a receita. Outro fator fundamental refere-se à questão da sustentabilidade. “Este tema é enfatizado há três anos na NRF, não apenas como uma causa nobre, mas também como uma excelente oportunidade de negócio. Ações bem trabalhadas e estruturadas retornam em resultados”, diz Serrentino.

O especialista explica ainda que o varejo não faz o suficiente em termos de sustentabilidade, já que o conceito abraça não só o meio ambiente, como também a responsabilidade social e as comunidades. No Brasil, o Pão de Açúcar é um dos destaques quando se fala em varejo sustentável. Historicamente, a rede tem a sustentabilidade em seus valores.

A rede investiu R$ 45 milhões em sustentabilidade no último ano. O grupo inaugurou quatro lojas verdes e incentiva o interesse pelo tema em suas quase 500 unidades. Entre as iniciativas estão programas de estação de reciclagem e de sacolas retornáveis, além de ações para redução de economia de energia e água.

Década otimista para mercado brasileiro
Os esforços por parte das empresas unidos à estabilidade econômica, ao alto nível de confiança do consumidor, aos eventos como Copa do Mundo e Olimpíadas e ao interesse global pelo Brasil levam os especialistas a acreditarem que as perspectivas positivas para o mercado não se limitam ao ano de 2010, mas sim a uma década de otimismo.

“O interesse no mercado brasileiro e os investimentos diretos de estrangeiros mostram que o Brasil desponta no mercado global no varejo”, acredita Marcos Gouvêa de Souza (foto), diretor geral da GS&MD – Gouvêa de Souza, em sua apresentação na Pós-NRF.

E o que o Brasil pode aprender com os mercados mais maduros? Sem dúvida o investimento em tecnologia. O consumidor multicanal exige um varejo multicanal. Ele deve poder escolher onde e como comprar. Na Macy’s, dos Estados Unidos, o consumidor pode pesquisar em que loja o produto desejado está disponível. Já nas lojas da também americana JC Penney, os clientes encontram painéis touch screen para pesquisar produtos, inclusive os que não estão disponíveis naquela unidade, mas que podem ser adquiridos pela internet.

Tok&Stok tem formato de loja multicanal
Neste sentido, o Walmart, apesar de não ter sido pioneiro, é uma das empresas mais avançadas quando se trata de integração entre canais. As unidades contêm estações on-line para a compra de produtos, assim como as compras feitas no e-commerce podem ser retiradas nos pontos-de-venda.

Isso exige um planejamento coerente e uma forte capacidade de distribuição. A inglesa Tesco é uma das principais operadoras on-line em alimentos do mundo. A empresa recebe 300 mil pedidos por semana e fatura mais de US$ 3 bilhões por ano em vendas virtuais. Com 300 lojas concentradas, a marca consegue atender 98% dos domicílios britânicos.

Por aqui, a Tok&Stok também investe na integração de seus canais de venda. A rede lançou em 2008 um modelo de loja compacto, que oferece produtos de decoração e objetos para casa, enquanto o show room de móveis pode ser acessado em estações que contam com a assessoria de um vendedor especializado.

Consumidor quer alternativas de compras
Se já não é possível mais pensar em varejistas que não estejam presentes na internet, é importante despertar também para a necessidade de oferecer aos consumidores alternativas de compras de acordo com as suas demandas. O neoconsumidor – digitalizado, conectado, multicanal, multimídia e altamente informado – espera encontrar o neovarejo.

“Se as pessoas de 20, 30 anos já estão propensas ao uso de tecnologia digital, imagina a geração abaixo dos 20 anos, totalmente digitalizada no dia a dia. O impacto para o varejo é brutal na medida em que estes novos neoconsumidores aparecem”, questiona Serrentino (foto), da GS&MD – Gouvêa de Souza.

A Saraiva sabe da importância dos canais on-line. Atualmente, 35% do faturamento de mais de R$ 400 milhões da empresa é originado das transações de e-commerce. A força da marca na internet é tanta que em apenas cinco meses o Twitter da Saraiva já tinha 46 mil seguidores.

Varejo multicanal e tecnológico para criar soluções
Celular como plataforma de compras
A integração dos canais inclui o celular, cada vez mais presente na vida do consumidor, que já utiliza o aparelho dentro das lojas para buscar informações dos produtos, comparar preços ou até mesmo comprar um item que não esteja disponível no ponto-de-venda.

O aplicativo do ebay para iPhone tem mais de seis milhões de usuários e cerca de dois milhões de contatos por dia. Em 2009, o faturamento chegou a US$ 500 milhões. No Walmart, o cliente fotografa o produto e imediatamente é redirecionado para um site que mostra o preço e em que lojas encontrá-lo.

O Ponto Frio lançou recentemente um aplicativo para iPhone que permite que o internauta encontre as lojas mais próximas de acordo com o local em que está. A ferramenta também verifica as ofertas disponíveis naquela loja. Caso encontre uma oferta, o cliente pode levar seu iPhone até a loja e mostrá-la ao gerente para que compre o produto pelo preço promocional.

Soluções para clientes segmentados
O investimento em tecnologia cria soluções para os clientes. Mas não é apenas a tecnologia a responsável por melhorar a qualidade de vida dos consumidores e sua relação com as marcas. Para oferecer soluções verdadeiras é necessário conhecer o cliente profundamente.

Entendendo como as pessoas compram e de que forma poderiam interagir melhor com a loja, o Walmart criou gôndolas específicas para categorias de produtos como café da manhã, alimentos infantis e produtos para pets. Já a seção de vinhos da Tesco possui gôndolas com sugestões de alimentos para harmonizar com as bebidas.

“Não existem soluções padrão para todas as lojas e situações. O essencial é conhecer o cliente”, sugere Serrentino. A partir do conhecimento do cliente, a Fast Shop aprimorou o seu serviço de pós-venda. Além de instalar os produtos na casa do consumidor, a equipe também treina o usuário.

Redes sociais influenciam vendas
Se antes conhecer o cliente era uma tarefa difícil, hoje já não se pode dizer o mesmo. Os consumidores querem falar e serem ouvidos. As redes sociais são um fenômeno que não pode ser deixado de lado pelos varejistas de qualquer segmento.

São em sites como Orkut, Facebook e Twitter, além de blogs, que os consumidores buscam informações sobre marcas, produtos e serviços, levando em consideração tudo o que é dito por outros internautas.

“As redes sociais estimulam, comandam e preocupam. Pesquisas indicam que as informações de pessoas que fazem parte de uma rede social são cinco vezes mais relevantes do que qualquer outro tipo de informação”, comenta João Rios, diretor-geral da Consultoria Laboris, durante a Pós-NRF.

Investimento em pessoas para melhorar negócios
Mas entre tanta tecnologia e inovação, destaca-se o papel das pessoas no varejo, como sugeriu Guilherme Baldacci, sócio-diretor da GS&MD – Gouvêa de Souza, durante sua palestra no evento. O especialista fala sobre a importância do foco tanto no consumidor quanto na equipe de colaboradores.

“O foco deve ser em todas as pessoas envolvidas com a empresa. Para um consumidor feliz, a equipe deve ter mais informações, mais contato, inovação, experiência e fazer a diferença no ponto-de-venda. Ela deve se sentir com o poder. Os valores da empresa devem ser transmitidos aos colaboradores para que cheguem ao consumidor”, conta.

O foco nas pessoas exige ainda que as empresas cumpram a sua promessa. É necessário ter consistência no posicionamento da proposta de valor e entrega do negócio. “Tão importante quanto inovar é executar”, garante Serrentino. Nesse aspecto, é nas lojas que o consumidor percebe o valor que a empresa pretende entregar.

Uma entrega coerente com a oferta demanda uma imersão profunda para entender o cliente, segmentá-lo e mudar o foco dos negócios em sua direção. É desta forma que as marcas conquistam a confiança dos consumidores. “A confiança é a entrega consistente da promessa. Empresas de sucesso – inovadoras ou não – têm forte relação de confiança com o cliente. Melhor do que inovar é fazer o básico bem feito sempre, ao longo do tempo, e não desapontar”, declara Serrentino.

Petrobras e Fiat usam blogs como ferramenta de Marketing

Empresas investem em blogs para estreitar o relacionamento com clientes e aumentar empatia

Por Thiago Terra, do Mundo do Marketing | 08/02/2010
thiago@mundodomarketing.com.br



O Marketing digital é uma ferramenta que se faz necessária para todas as empresas que buscam interagir com seus consumidores. A Fiat é uma das empresas que vêm investindo neste nicho nos últimos 10 anos e o resultado começa a aparecer. Com cada vez mais internautas citando as marcas em redes sociais ou blogs, surge um canal de relacionamento em que a troca de informações entre empresa e cliente parece não ter fim.

Além de estreitar o relacionamento, a Petrobras reconhece que a web é uma forma de gerar empatia quando a empresa atravessa um período de questionamentos, como a recente discussão sobre o pré-sal. Naquele momento a Petrobras lançou um blog em que os internautas puderam alimentá-lo com informações diversas, positivas ou negativas, desde que pertinentes.

O desafio encontrado pela Fiat foi aplicar o Marketing digital em uma indústria engessada como é a automotiva. Após uma década de implementação da ferramenta, a empresa colhe os frutos de blogs para os modelos Linea e Mio. Sucesso com os internautas, a ferramenta oferece a possibilidade de montar o veículo, sugerir itens, além de entrevistas com funcionários envolvidos na produção.

Blogs construtivos
Um filme produzido para a estratégia de Marketing on-line da Fiat, para o modelo Mio, fez tanto sucesso que foi levado para a TV a cabo. Isto mostra a força da internet e a aceitação e o dinamismo que a web possui para impactar os consumidores. Tanto é que não são poucos os blogs e comunidades criadas pelos internautas. “Algumas marcas se aproveitam disso, como a Starbucks, que recebe ideias pelo site”, diz Ana Luisa Brant Mendes, Gerente de Internet da Fiat, citando o caso em que a rede de café premium recebeu a sugestão de um consumidor para criar o gelo feito de café.

O Marketing digital dá uma abertura que é própria de sua natureza. Por isso, é recomendável cuidado na hora de pisar neste mundo. Pensando assim, a Fiat esperou o momento certo para criar este canal para tentar mudar a forma de chegar aos seus clientes. “Eles não são mais target e sim o meio. Cabe a empresa participar desses diálogos”, explica Ana durante o III Fórum Internacional ABA Petrobras de Comunicação Digital.

Para tangibilizar o diálogo com os futuros proprietários do Fiat Linea, a comunicação digital foi pensada e lançada antes do carro a fim de dar liberdade para os internautas. Além disso, esta foi uma maneira que a Fiat encontrou para minimizar as diferenças de mercado de um veículo que vinha de um país diferente do Brasil. “Não podemos simplesmente trazer um produto para o Brasil. Existe a ‘tropicalização’ de todos os modelos que vêm de outros países”, conta a gerente de internet da Fiat.

Lançamento digital e monitoramento
Além de depoimentos de colaboradores, o blog do Linea apresentou um vídeo do presidente no lançamento que, segundo Ana, foi o terceiro mais visto no YouTube na ocasião. Após uma pesquisa com os primeiros compradores do veículo, a Fiat percebeu que 8% deles souberam do carro pelo blog. “Este resultado nos inspirou a ir mais longe e ousar mais. Por isso, para o novo Linea, estamos pedindo para que os internautas nos enviem imagens sobre o carro do futuro”, ressalta a executiva.

A estratégia para este modelo é fazer com que as pessoas brinquem de criar um carro do futuro, passando por cinco etapas: nosso futuro, pergunta-chave, ideias para o carro, briefing, projetando o carro do futuro, organização de ideias. O projeto da Fiat para este ano é oferecer ao internauta a opção de escolher o nome do carro e até como será a campanha digital. “O blog do Mio já tem mais de 1 milhão de visitas desde agosto de 2009 e reunimos mais de 8 mil ideias para o carro”, afirma Ana.

A experiência adquirida pela Petrobras ao abrir um canal para conversar com os brasileiros surpreendeu a empresa positivamente. Tanto é que a companhia já realizou a ação on-line “Se a Petrobras fosse um filme, como seria o trailler?” e hoje a empresa monitora vídeos postados na internet. Além disso, com uma reformulação no site, a petrolífera nacional passa a contar uma história de forma mais próxima.

Negativo ou positivo?
O investimento na internet é baseado também em parcerias e projetos patrocinados pela estatal. “Contamos a história da empresa de forma gostosa, lúdica, com infográficos, através de personagens importantes para a Petrobras, como o Projeto Tamar e o Nós No Morro”, aponta Leonardo Sá, coordenador de comunicação digital de multimeios da Petrobras.

Lançado em meio à polêmica do pré-sal, o blog foi importante para mostrar que a companhia não fugiria da questão mesmo em um momento de crise. "Tivemos uma repercussão fantástica com opiniões contra e a favor. Foram mais de 1 milhão de acessos sem apoio de mídia. Foi uma iniciativa de extrema coragem. Temos muitas histórias para contar, mas devemos criar algo mais lúdico nelas”, opina Leonardo Sá, da Petrobras.

Segundo Leonardo Sá, ao lançar o blog na internet, a Petrobras sabia que poderia ter criado um canal digital contra a imagem da empresa. A comunicação digital está se aperfeiçoando e mudando rapidamente. “Nossa preocupação é olhar para onde ela pode nos levar e trabalhar da melhor forma possível. No blog, as questões mais polêmicas levantadas pelos usuários têm uma atenção maior”, completa.

Programas de Fidelidade precisam mudar em prol da rentabilidade e da satisfação do cliente

Club Med e SulAmérica são casos de sucesso

Por Bruno Mello, do Mundo do Marketing | 09/02/2010
bruno@mundodomarketing.com.br



No Brasil, 60% dos clientes que já tentaram acumular pontos em programas de fidelidade de cartões de crédito se sentiram frustrados porque nunca conseguiram resgatar seus prêmios, diz uma pesquisa da CSU MarketSystem. Nos Estados Unidos, 54% dos consumidores entrevistados pelo CMO Council se dizem cansados da enxurrada de mensagens irrelevantes que recebem, das recompensas de baixo valor que são oferecidas e estão ameaçando as marcas de abandoná-las.

Seria um duro golpe para as empresas. De acordo com Jupiter Research, mais de 75% dos consumidores norte-americanos têm pelo menos um cartão de fidelidade e o número de pessoas com dois ou mais é de cerca de 1/3. É uma realidade bem diferente da brasileira. O estudo da CSU MarketSystem foi feito com seis milhões de clientes, mas não há um dado que possa quantificar quantas pessoas no Brasil aderem aos programas de fidelidade. O que se vê por aqui é a multiplicação dos programas voltados para o consumidor.

Até pouco tempo atrás, os programas eram utilizados quase que exclusivamente pelas empresas como parte de um programa de incentivo para seus parceiros. “Os programas de B2C tem crescido muito. A Tam e a Accor Hospitality reformularam e potencializaram os seus programas de fidelidade recentemente”, afirma Danilo Vasconcelos (foto), Head de Planejamento Estratégico da Accentiv´ Brasil. “Mas ainda é um mercado que tem muito a crescer”, completa.

Cuidados com os erros
Este crescimento passa por não cometer erros. O mais comum é separar o programa de fidelidade do banco de dados da empresa. Um sistema único de informação traça o perfil do cliente e dá possibilidade de se comunicar e criar ofertas sob medida. Quando aproveitados ao máximo, os programas podem impulsionar o crescimento das vendas e aumentar a rentabilidade da empresa, porque ela passa a conhecer os clientes mais valiosos, realocando as suas verbas de Marketing e mudando o seu foco. “Com isso, você economiza dinheiro de mídia”, aponta Vasconcelos em entrevista ao Mundo do Marketing.

Outro ponto crucial para o sucesso do programa é a atratividade tanto para a empresa quanto para o cliente. Para ter adesão, um programa precisa ser atrativo. Primeiro do ponto de vista financeiro para a empresa. Depois, a premiação deve ser relevante para o consumidor, se possível com exclusividade, principalmente para os principais clientes. “Não existe fidelidade 100% de um cliente. O objetivo de um programa é trazer um pouco mais de fidelidade de milhares de clientes, o que dá dinheiro”, ressalta o Head de Planejamento Estratégico da Accentiv´ Brasil.

A conta é simples. Se não tiver grande adesão, o programa não se paga. Por outro lado, com um programa grande, o custo baixa, mas há o valor da premiação, pago apenas se o cliente adere, resgata e, consequentemente, gera lucro para a empresa. “É preciso fazer uma oferta de produtos ou serviços diferenciados para as pessoas resgatarem os pontos. Isso se torna mais fácil quando você já conhece o seu cliente porque ele está na sua base”, ensina Danilo Vasconcelos.

Caso de sucesso Club Med
Depois que o cliente resgata o prêmio, seja em produto ou em experiências como viagens, ele acaba aderindo com mais força ao programa. O estudo da CSU MarketSystem aponta que 25% destas pessoas passam a consumir mais. É o que espera o Club Med, que acaba de reformular o seu programa de fidelidade no país. Hoje, 15% do faturamento do resort no Brasil vem de clientes fidelizados.

A operação da empresa no Brasil foi a primeira no mundo a lançar um programa de fidelidade, há quatro anos. Agora, com um novo programa lançado mundialmente, o Unique muda de nome para Great Members e traz mais transformações além da marca. Passa de quatro mil para 24 mil clientes participantes do programa segmentados em três categorias. Antes, era apenas uma.

Outra grande mudança é que os clientes do Club Med poderão utilizar os seus pontos nos 80 resorts espalhados por todo o mundo. Antes, o programa baseado no gasto e nas diárias efetivadas nos últimos três anos era restrito aos três villages no Brasil. Entre as vantagens está o desconto nos serviços e nas lojas do resort, transfer personalizado, upgrade de quarto, check-in prioritário e late check-out. “Tudo isso dá uma vantagem muito grande a quem participa do programa”, afirma Gian Maria Mazzei, Diretor de Marketing e Comunicação do Club Med América Latina.

Retorno sobre o investimento garantido
Até chegar a este ponto, o Club Med trabalhou durante seis meses em cima de sua base de dados de clientes, no treinamento das agências de turismo e de todos os funcionários dos resorts. “O que temos que trabalhar agora é adicionar vantagens para os nossos clientes”, diz Mazzei (foto). “Esses programas funcionam porque o cliente gosta de ser reconhecido. Reforça o relacionamento da marca com o cliente e trás um retorno sobre o investimento maior. Isso significa gastar menos dinheiro com campanhas de publicidade. Não gastamos para recrutar. Gastamos para fidelizar”, conta o executivo em entrevista ao Mundo do Marketing.

Outro caso de sucesso, este no setor de business to business, é da SulAmérica, hoje desenvolvido pela Accentiv’. O programa conta com 20 mil corretores, uma adesão perto de 70% dos profissionais parceiros da seguradora. O objetivo é fazer os corretores venderem mais. Eles somam pontos de acordo com a venda de cada seguro e a cada trimestre ganham vouchers para comprar produtos. Semestralmente concorrem a carros e, anualmente, a uma grande viagem.

As métricas do programa são acompanhadas em tempo real com o controle dos objetivos estratégicos. “Tem que monitorar para não deixar de atingir as metas”, ressalta Danilo Vasconcelos. O programa é forte no meio digital, tendência entre os projetos de fidelização. Há um site com ferramentas para ajudar o corretor a vender melhor e os acessos também geram pontos para os participantes. Esses são os programas de fidelidade do futuro. Que seja eterno enquanto dure.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Ações de Mobile Marketing ganham relevância

Marcas como Unilever, Cadbury, Nivea e Ford aderiram às ferramentas para plataformas móveis

Por Sylvia de Sá, do Mundo do Marketing | 29/01/2010
sylvia@mundodomarketing.com.br



O mercado observa um boom de ações de Mobile Marketing. Nos últimos meses vem acontecendo uma verdadeira explosão de aplicativos para iPhone, games, promoções com pin codes e bluetooth. Empresas como Unilever, Cadbury, Nivea, Ford e Centauro já entenderam a importância de apostar nessas ações para atingir um consumidor cada vez mais conectado.

A principal característica de uma ação de Mobile Marketing é a relevância que ela deve ter para o seu público-alvo. Quanto mais a marca estiver inserida em seu dia a dia, melhor. Por isso, os aplicativos tornam-se uma boa ferramenta, já que oferecem serviços que aprimoram o cotidiano destes consumidores. Para o desenvolvimento de um, os preços podem variar entre R$ 25 mil e R$ 150 mil. Já o tempo de execução pode levar de três dias a três meses, de acordo com a complexidade do projeto e o tamanho da equipe envolvida.

Ações de Mobile Marketing em destaqueUm exemplo é o aplicativo para iPhone lançado pela Nivea recentemente. Desenvolvido pela agência pontomobi para a marca Nivea Sun, a ferramenta combina informações sobre a proteção da pele durante o verão, informa a temperatura do local onde a pessoa está, os raios de exposição UVA e UVB e identifica o fator de proteção ideal para cada tipo de pele.

A ferramenta avisa ainda, por meio de alarmes, os horários necessários para a reaplicação do protetor solar. “O aplicativo Nivea Sun é um grande serviço. Acredito muito na plataforma móvel embalando serviços para o consumidor. Aí sim tem relevância”, afirma Leonardo Xavier, sócio-diretor da pontomobi, em entrevista ao Mundo do Marketing.

Centauro tem treinador mobile
Outra empresa que optou por oferecer serviços para estar mais próxima dos consumidores é a Centauro. A marca lançou o “
Treinador Centauro”, aplicativo que faz uma espécie de assessoria esportiva ao consumidor. Por meio da ferramenta, o usuário realiza uma avaliação física e recebe dicas de exercícios, que são intensificados com o passar dos dias.

O aplicativo desenvolvido pela agência MKTM traz sugestões de alongamentos, testes de resistência e um cronômetro. A novidade – disponível desde dezembro de 2009 na loja de aplicativos da Apple, a App Store – ainda possui uma vitrine com produtos da marca. Em pouco mais de um mês, o lançamento já registrava 10.823 downloads.

O aplicativo foi resultado de uma outra ação de Mobile Marketing realizada pela empresa. "Realizamos uma pequena ação no lançamento da coleção de Elesse. Nos anúncios e editoriais lançados com o propósito do relançamento da marca no Brasil, foi inserido um QR code que, quando lido através do celular, levava o usuário ao mobile site. Esta ação abriu horizonte para novas ações, o caso do Treinador centauro", conta ao site o gerente de e-commerce da Centauiro, Marx Câmara.

O crescimento no número de ações para plataformas móveis é explicado pela popularidade do tema nos últimos meses. “As empresas estão aumentando o seu conhecimento sobre Mobile Marketing. Ainda estão na fase de entender o que é. Nos últimos seis meses vem acontecendo uma explosão. Assuntos como iPhone, aplicativos e 3G deixam o tema na cabeça dos anunciantes”, explica, em entrevista ao Mundo do Marketing, Marcelo Castelo, sócio-diretor da F.biz.

Ação da Cadbury conta com reconhecimento de voz
Mas tem quem aposte em Mobile Marketing há mais tempo. No final de 2008, a Cadbury lançou sua estratégia para a marca Chiclets. Não poderia ser diferente. Com foco em crianças e adolescentes, a empresa entende a necessidade de acompanhar os seus consumidores – sempre conectados – também no mundo móvel.

Ações de Mobile Marketing em destaqueA ação desenvolvida pela F.biz tratava-se de um web reality game que envolveu desde internet e SMS até torpedo de voz com o humorista e repórter do CQC Danilo Gentili. O jogo S.O.S Lhama foi baseado na campanha da marca Jeito Lhama e Jeito Chiclets, teve 40 dias de duração e investimento de R$ 2 milhões.

Diariamente, a Chiclets postava vídeos explicando a trama. Em um desses vídeos, Danilo Gentili se vê com uma “bomba-bocejo” na mão e pede ajuda aos consumidores sobre qual fio cortar para desativá-la. É aí que o Mobile Marketing entra. O internauta inseria seu número de telefone e, em seguida, recebia uma ligação com a gravação do próprio Gentili pedindo ajuda no jogo. A ferramenta tinha como diferencial o reconhecimento de voz.

Games são destaque
Em julho do ano passado, a Cadbury também apresentou
o seu o primeiro aplicativo para iPhone. A ferramenta fazia parte do lançamento do Trident Fresh sabores Intense e Hortelã Ice. Quem baixa o aplicativo pode “congelar” a tela do seu iPhone. Para isso, basta assoprar o microfone do aparelho, que fica com um “efeito gelado”.

A partir daí é possível criar o desenho que quiser, inclusive em fotos armazenadas. O aplicativo foi resultado de outra parceria com a F.biz e utilizou todas as opções que o iPhone oferece: integração com o álbum de fotos, touch screen para desenhar, acelerômetro para apagar e assopro no microfone.

Os games também são boas alternativas para as marcas que querem estar presentes no dia a dia do consumidor. O celular acaba fazendo o papel de passatempo nos momentos em que as pessoas precisam esperar, como as filas de banco ou de consultórios médicos. Se o jogo estampa determinada marca, ela é fixada mais facilmente na memória deste consumidor.

Lojas de aplicativos se espalham

O crescimento dessas ações nos últimos meses também pode ser explicado pelo nível de comprometimento e de organização das operadoras de telefonia móvel em relação ao Mobile Marketing. “Nitidamente as operadoras definiram estratégias mais claras, preços, formatos e contam com equipes dedicadas a tratarem de questões referentes ao Mobile Marketing. Isso traz um benefício enorme para o mercado”, aponta Xavier, da pontomobi (à direita na foto, ao lado de Castelo, da F.biz).

Ações de Mobile Marketing em destaqueO sucesso da App Store, da Apple, também incentivou marcas como Nokia, Samgung, Blackberry, LG e até mesmo o Google, que já lançaram ou pretendem lançar suas lojas. Este é outro fator que impulsiona o mercado de Mobile Marketing e facilita o surgimento de novas ações que entregam serviços ao consumidor a partir da plataforma móvel.

A expansão de canais é complementada pelo sentimento de urgência dado ao Marketing Móvel. A facilidade em mensurar as ações, a partir das mesmas ferramentas utilizadas na internet, e a possibilidade de enviar o conteúdo ideal para cada tipo de consumidor pode trazer, muitas vezes, mais retorno do que a web tradicional.

Mobile entrega conteúdo específico para target
Para a Ford, a pontomobi desenvolveu um site móvel com conteúdos focados no público-alvo da Ford Ranger. Em parceria com o Canal Rural, do Grupo RBS, o mobile site conta com notícias do agronegócio, informações sobre cotações de commodities e câmbio, metereologia segmentada por região e detalhes do modelo da Ford.

O envio de conteúdos praticamente customizados para os consumidores também auxilia no envolvimento e na interação entre eles e as marcas. “A grande maioria das ações de Mobile no mercado brasileiro é originada pelo consumidor. Ele pede para receber notícias, receitas, informações. Esse movimento de interação impede que as marcas sejam invasivas”, acredita o sócio-diretor da pontomobi.

Já em relação às ações que são originadas pelas próprias marcas a boa notícia para os consumidores é de que são as operadoras quem controlam o que trafega. As ações são feitas apenas para aqueles clientes que autorizam. Segundo uma pesquisa da Mobile Marketing Association, dentro dos países da América Latina, o mercado brasileiro é o que tem maior taxa de aceitação para receber publicidade pelo celular (72%).

Promoções abandonam cartas

Assim como outras empresas, a Unilever entendeu a disposição do consumidor de se relacionar com as marcas a partir do celular. A multinacional abandonou as tradicionais cartas e faz suas promoções com pin codes via SMS. Para comemorar os 80 anos de atuação no Brasil, a empresa lançou no final de 2009 a ação “Unilever 80 Anos 80 dias de prêmios para você”.

Ações de Mobile Marketing em destaqueOs consumidores deveriam comprar um dos produtos participantes e enviar o código seguido da palavra “Unilever” para o número indicado. A partir daí, ele concorria a dois prêmios de R$ 10 mil todo dia, dois de R$ 100 mil toda semana e um prêmio final de R$ 2 milhões.

Com um número cada vez maior de consumidores que acessam a internet móvel e uma ampla cobertura de operadores de telefonia móvel, cabe às empresas investirem em ações inovadoras e entenderem que o mercado de Mobile Marketing está em franca expansão.

“Estamos tentando mostrar a importância do Mobile Marketing para os clientes. Todas as propostas da F.biz saem com planejamento web e mobile. É importante que as empresas tenham a visão de que são duas coisas integradas”, aconselha o sócio-diretor da F.biz.